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JOSETTE LASSANCE MAYA
( Pará )
Josette Lassance Maya (Belém, 24 de novembro de 1962) é graduada em História e Artes Visuais pela UFPA e pós-graduada em Artes. Publicou os livros “Vida de Bruxa” (1992); “Os Gatos Nus Passeiam Sobre os Telhados Sujos” (1994); “Galeria dos Maus” (1999); “O Prédio” (2002); “Os Cinco Felizes” (2010); “Crônicas, Sonhos & Cafés” (2010); e “Buen Camino (Relatos de Viagem)” (2019), lançado em Belém, Rio de Janeiro e Sárria, na Espanha, pela Editora Paka Tatu. Participou de várias antologias, entre as quais “Di Letteratura” (Trento, Itália, 1997); “Revista da Literatura Brasileira” (São Paulo, 2003); e “Sintonias & Delicadezas – Poemas e Haicais”, com Guiomar de Grammont e Olga Savary (2019). Participou como palestrante no Fórum das Letras em Ouro Preto, na Feira do Livro de Porto Alegre e no evento “Artistas em Sarría – Deputación de Lugo”, na Espanha, em 2019. Ganhou o segundo lugar no Concurso de Crônicas da Editora Folheando (2018).
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VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4
Ex. Antonio Miranda
Arco
Íris
Estremecer o sol de cores
Semear
Arar o céu
de estrelas
olhar
colher
o fruto dos olhos
arco-flecha
flertar o hímen
do alvo
matar o bicho sagrado
rabiscar a fome
copiar o bisão
no fogo a pedra
no osso o tambor
na mão a fúria.
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Hoje vi a mulher no sinal vermelho
Seu apelo
Pelo vidro fumê do carro
Do lado de dentro
O ar condicionado abafava sua voz
Ela usava máscara
Mesmo suada
Corria de carro em carro
Não tive saída
Senão procurar trocados
Abaixei a mão no banco traseiro, e tirei o vestido quente
de minha mãe.
E dei a ela
A mulher magra do sinal
A mulher com fome do sinal
Talvez esse seja meu último
Ato de amor
Em cortar o cordão
O sinal abriu e me escondi no espelho do retrovisor
Para olhar ela sorrindo
Aso mesmo tempo, seu me observei, com vergonha de mim
No mesmo ângulo certeiro
Entre a fome
E o desprezo
De todos os sinais vermelhos do mundo.
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Página publicada em março de 2022
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